A origem dos medos

A doença psicológica do medo, não está presa a qualquer perigo imediato, concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais como a agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia…

 

Este tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer, não de algo que esteja a acontecer neste momento. Está-se aqui e agora, enquanto a mente está no futuro, o que cria um espaço de angústia.

 

E, caso estejamos identificados com as nossas mentes e tenhamos perdido o contacto com o poder e a simplicidade do “agora”, essa angústia será nossa companheira constante.

 

Podemos sempre lidar com uma situação no momento em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma projecção mental. Não podemos lidar com o futuro.

 

Além disso, enquanto estivermos identificados com a mente, o ego regerá as nossas vidas. Por conta da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego é muito vulnerável e inseguro, e vê-se sob constante ameaça.

 

Mesmo que o ego seja muito confiante na sua form externa. Lembremo-nos que uma emoção é a reacção do corpo à mente. O corpo está a receber permanentemente do ego o falso “eu” interior construído pela mente? Perigo, está sob ameaça. E qual é a emoção gerada por esa mensagem permanente? O medo, é claro.

 

O medo tem várias causas. Tememos falhar, magoar-nos, mas em última análise todos o medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da demência, da morte e da destruição. Para o ego, a doença de Alzheimer está ali ao virar da esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte em vida afecta cada aspecto da nossa vida.

 

Tenhamos cuidado com qualquer tipo de defesa dentro de nós. Estamos a defender-nos de quê? Duma entidade ilusória, duma imagem na nossa mente, duma identidade fictícia. Ao trazer este padrão à consciencia, ao testemunhá-lo, deixamos de nos identificar com ele. À luz da nossa consciência, o padrão de inconsciência irá dissolver-se rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos.

 

A mente procura negar e escapar ao “agora”. Por outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o “agora”, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.