Brecha no silêncio

Infelizmente, a acuidade auditiva dos adultos diminui de ano para ano e, em geral, é a capacidade de ouvir os sons das frequências altas que se perde primeiro. A partir da meia idade, muitas pessoas têm dificuldade em perceber a fala, principalmente porque as consoantes necessárias para a percepção da maioria das palavras têm uma frquência mais alta que as vogais.

 

As vozes mais agudas, como as das crianças, são mais difíceis de seguir do que as graves. Em casos extremos, a comunicação familiar perde-se e os mais velhos isolam-se e sentem-se sós.

 

Durante muito tempo pensou-se que esta questão, da perda de audição, resultava da deterioração dos ossos e membranas do ouvido e dos nervos que transmitem os sons ao cérebro. Actualmente, atribui-se pelo menos uma parte do mal aos ruidos da civilização.

 

A sudez hereditária é relativamente rara. Contudo, os problemas do ouvido em recém-nascidos resultam, por vezes, de doenças e complicações durante a gravidez ou o parto.

 

Podem igualmente prejudicar a audição as faltas de oxigénio no cérebro da criança ou lesões na cabeça durante o nascimento Graças aos modernos medicamentos, as infecções de ouvidos nas crianças são agora menos perigosas que antigamente.

 

Os centros auditivos do cérebro podem ser afectados por uma lesão grave na cabeça, por tumores ou acidentes vasculares.

 

O elemento mais vulnerável do sistema auditivo são, talvez, as frágeis células ciliadas do ouvido interno, muito mais frequetemente danificadas que os centros corticais de audição, quer por medicamentos como os antibióticos, quer pelos ruídos. O ruido duma única explosão forte, pode destruir essas células. Mas, os especialistas ainda não estão de acordo quanto á extensão dos danos causados por ruídos menos intensos mas mais persistentes ou cont+inuos.

 

Muitas pessoas, sobretudo a partir duma certa idade, são “duras de ouvido”, isto é, sofrem dum défice de acuidade auditiva, que varia de ligeiro a moderado, que as impede de ouvir o tiquetaque do relógio ou de seguirem uma conversa em voz baixa.

 

Muito inferior, felizmente, é o número de pessoas profundamente surdas, que não se apercebem de estrondos fortes e são totalmente incapazes de seguir uma conversação.

 

Os surdos sentem-se muitas vezes afastados do mundo, por não ouvirem o que os outros dizem. Antigamente, as pessoas totalmente surdas desde a infância, sofriam ainda o libelo adicional de “surdos-mudos”, embora possam compensar a sua incapacidade recorrendo ao tacto e à vista para substituir a falta de visão, o que, de modo algum é o caso das autoridades que teimam em manter-se na mais profunda sudez e, muitas vezes, aliada a uma deriva irreversível, cegueira.