I Objectivos para intervenção junto de população Considerando que cada vez se assiste mais a um rápido e “violento” aumento da população velha, a sociedade está cada vez menos preparada para, de forma adequada, lidar com essa população, pelo que se deve prever situações de exclusão e marginalização duma parte da população já por si fragilizada. As famílias não têm a tradicional capacidade para cuidar dos seus velhos, o que as afasta da possibilidade de funcionar como sistemas de suporte. Torna-se, assim, da maior importância, criar respostas institucionais que permitam preencher esses autênticos vazios, devendo actuar sempre na perspectiva humanista e social, visando melhorar a qualidade de vida dos velhos, proporcionando-lhes um ambiente favorável à manutenção e (re) estruturação da sua identidade pessoal. Pretendemos assim: Criação de um Centro de Dia – com capacidade para 24 idosos. Criação dum Serviço de Apoio Domiciliário – aos idosos necessitados. Criação de um Centro de Noite – com capacidade para 12 idosos. Com a valência -Centro de Dia: pretendemos criar um conjunto de serviços tais como: • - Alimentação; • - Cuidados de Higiene e Conforto; • - Ocupação do Tempo Livre dos Idosos; através de vários ateliers. • - Apoio Psico-Social; • - Fomentar Intercâmbios; com vários grupos etários, a fim de evitar o isolamento, de que tanto padecem os idosos e que tanto nos preocupa do ponto de vista social. A dinamização duma rede de apoio social, tanto quanto possível e desejável com entidades de Acção Social para poder responder às necessidades dos familiares. Como? Contemplando a criação de Ateliers onde exerçam actividades lúdicas, gímnicas e ocupacionais. Além disso, trabalhar junto da população, em colaboração com as entidades oficiais, no sentido de proporcionar um melhor enquadramento social de cada ser humano, e, mantendo em Centro de Dia. (*) . II Formação da Equipa e Plano de Actuação A criação duma equipa multidisciplinar é indispensável; assim: -Técnico do Serviço Social – Que funcionará também como Director Técnico - Monitor (Um/a a contratar que funcionará como Técnico de Animação, podendo o cargo ser desempenhado pelo Director Técnico em conjunto com o Monitor, a funcionar como seu mais directo auxiliar. - Enfermeiro - Auxiliares - Voluntários - Motorista – Numa segunda fase, que fará a recolha e conduzirá os utentes ao seu domicílio, encarregado também do transporte da alimentação desde o local da sua confecção até ao Centro de Dia. Funções de cada Profissional Técnico de Serviço Social – Profissional que dá resposta aos problemas de natureza pessoal e social do “cliente” e suas famílias. No desempenho das suas funções, gozará de toda a autonomia na utilização duma variedade de práticas e técnicas para a resolução dos problemas apresentados. Monitor – Realiza, mediante Plano de Actividades Anual e Semanal, actividades de ocupação com os utentes nas vertentes lúdicas, artística e cultural, visando a socialização e a ocupação. Enfermeiro – Colaborador da Unidade e responsável pela satisfação das necessidades humanas fundamentais, pela promoção da máxima independência no desempenho das actividades da vida quotidiana, assim como na adaptação funcional às limitações do usuário. Os Auxiliares – Apoiam, duma forma geral, o trabalho das valências na Unidade e no domicílio – se for o caso – assegurando a manutenção e limpeza e higiene, quer num quer no outro espaço. Acompanham os “clientes” no dia-a-dia, garantindo e promovendo a dignidade e a qualidade de vida dos velhos. Os Voluntários são as pessoas que oferecem o seu tempo livre para desenvolver actividades – ocupação e lazer – com os usuários. Enquadrados nos respectivos serviços tendo em vista a melhoria dos mesmos A PORTUSASAS pretende dar uma resposta eficaz e especializada a toda esta problemática, podendo contar, para isso, com uma equipa multidisciplinar, que articule diferentes saberes e experiências, ”fazendo vincar filosofia de que envelhecer vivendo é preciso, belo e possível”. Para além dos elementos acima descritos e em regime de voluntariado, não se coloca fora de hipótese a contratação, a médio prazo de mais elementos, se considerados necessários, no sentido de proporcionar o melhor bem-estar dos usuários. III A progressiva visibilidade social, por nós apercebida, quanto ao envelhecimento, à deficiência e aos direitos humanos, provoca muitas e sérias inquietações, dúvidas e redefinições de metas e políticas. Vive-se num clima de inquietação e “medos”, em tudo relacionado com a contínua constatação de dados actuais, bem como de análise dos fenómenos sócio – demográficos, político-sociais, assim como tentar procurar melhorar a sua qualidade de vida. Quando se institucionaliza alguém, mesmo em Centro de Dia, a pessoa depara-se com uma realidade desconhecida, originando uma entrega nas mãos de desconhecidos, podendo suscitar sentimentos de desconforto, angústia, revolta e medo, só combatidos através duma actuação estruturada, humana, técnico/relacional correcta, adaptada a cada situação e pessoa. é, pois, de primordial importância motivar a população, as famílias e instituições comunitárias para a participação e interacção com a PORTUSASAS, porque lhe caberá intervir no íntimo dos seus lares e famílias. Porque é preciso tentar uma mudança a nível da mentalidade e através duma quebra das barreiras erigidas ao longo dos tempos, urgente mesmo, que só se pode alcançar através do fomento de vínculos e diálogo entre os diversos intervenientes no terreno, salientando a necessidade de desenvolver os intercâmbios de suporte que favoreçam a permanência das pessoas nos seios e contextos mais significativos, tendo sempre em conta que as boas medidas práticas exigem a partilha e conjugação de conhecimentos, favorecendo, sempre que possível, a chamada área de Dia, tendo como principal objectivo fornecer oportunidades (potenciais) para o desempenho, criando e estabelecendo determinadas directrizes comportamentais e sociais, de forma a preparar adequadamente os usuários para a reintegração sócio/familiar, tentando evitar, tanto quanto possível, a institucionalização. Os objectivos devem ser definidos de acordo com cada situação procurando, através da inserção em actividades estruturadas, incentivar a participação e fomentar a sociabilização, desenvolvendo técnicas específicas nas actividades de vida diária e competências sociais, potenciando a orientação para a realidade, de modo a melhorar a auto-estima e autonomia e proporcionando uma melhor qualidade de vida. A utilização das actividades funciona quer como instrumento de avaliação, quer como de intervenção. A Avaliação Social, feita pela Assistente Social, sendo possível perceber o contexto social do usuário e da família, permitindo determinar o escalão monetário da mensalidade em Centro de Dia, para além da expressão de outras variáveis. Deverão ser considerados os seguintes escalões: máximo, médio e mínimo e especial, estabelecidos de acordo com o rendimento mensal do “cliente” e/ou família. Na área de Dia, para além das intervenções específicas de cada valência, o objectivo é a interdisciplinaridade, potenciando a acção de cada interveniente – Monitor e Assistente Social e o Enfermeiro que, em conjugação com o usuário, criam condições para a melhoria da sua qualidade de vida. Reunidas as avaliações realizadas, elabora-se o Plano Individual da Reabilitação, para enquadrar o utente no programa adaptado às suas necessidades. Este plano é o guia para a implementação da intervenção, permitindo seleccionar as actividades que cada utente vai integrar no seu plano individual e colectivo. Tendo em conta as necessidades dos utentes, a área de Dia deve exigir-se uma periodicidade na planificação das actividades, evitando rotinas cansativas e desmotivações. é importante a flexibilidade na estruturação das actividades, devendo estas ir ao encontro das capacidades e interesses do utente, mantendo funções e prevenindo disfunções, sendo dirigidas a objectivos precisos, com efeitos motivadores, proporcionando cooperação e envolvimento. A avaliação deve ser semanal, feita pela equipa, com o objectivo de observar alguns aspectos considerados importantes para a evolução do processo social em curso, tendo como exemplo a motivação, interesse, atenção, tolerância às actividades e o cumprimento das regras. As reavaliações devem ser realizadas com periodicidade regular, por toda a equipa e sempre que se justifiquem. O Programa Social deve ser composto por uma planificação de actividades diversificadas, centrado em três vértices: Utente – Comunidade – Família. E deve ir ao encontro das necessidades do utente, valorizando as capacidades e reduzindo os défices, de modo a motivá-lo para o processo de reabilitação social, potenciando o seu estatuto de cidadão. No processo de reabilitação é importante incluir as famílias, pois estas têm nele um papel fundamental. A área de Dia deve procurar a integração nas famílias, através de sessões educativas, facilitando a resolução de problemas no meio familiar, contribuindo para uma melhor abordagem em cada situação. Os utentes integrados neste projecto acabarão por descomprimir o ambiente familiar e melhorar a relação utente/família, diminuindo as hostilidades e rejeições, acentuando a compreensão e integração no meio social, sobretudo porque permitem aos familiares continuar a exercer as suas actividades profissionais. O programa deve ser implementado de maneira a permitir ao utente adquirir recursos que possa utilizar na comunidade. Deve preocupar-se em contribuir para dar respostas em articulação com os serviços da comunidade, de modo a poder estar enquadrado pelas políticas sociais, permitindo a reinserção e/ou a integração na família e na comunidade. São alvos preferenciais das atenções da PORTUSASAS – Associação de Solidariedade e Apoio Social as pessoas mais carenciadas com idades igual ou superior aos 60 anos, afectadas ou não por qualquer tipo de demência, incluindo a de Alzheimer, mas de modo algum fechando a porta a pessoas com menos idade. Quanto à questão financeira e às receitas previstas, a PORTUSASAS – Associação de Solidariedade e Apoio Social reger-se-á pelas cotizações dos associados, dádivas e subsídios que lhe sejam atribuídos, tal como consta na Escritura Notarial, designadamente no seu artigo 7º, de 5 de Novembro de 2003. A localização das instalações será na Freguesia de Paranhos, na cidade do Porto. *Entende-se como entidades oficiais as autarquias, em particular as Juntas de Freguesia e seus pelouros de Acção Social, mais próximas e mais conhecedoras das necessidades da população Complemento A ocupação das pessoas tem desempenhado um papel central na existência humana desde o começo dos tempos e a sua utilização para a melhoria das condições de vida tece-se na teia da história do homem. Está cientificamente provado que a ocupação pode contribuir para o bem-estar físico e social de qualquer cidadão. No que se pode chamar ocupação assistida, que nos pode levar para além das primeiras manifestações escritas, cita-se a recomendação de Cornélius Celsus: “para manter o bem-estar físico e social, todas as actividades, devidamente adequadas ao temperamento e ás potencialidades de cada um, são sempre benéficas.” Galeno, por exemplo, promoveu a ocupação, sugerindo actividades que permitam a convivência e a interacção humana e social. Em 1793, Philippe Pinel, postulando uma concepção filosófica humanista, estabeleceu práticas que conduziram a um sistema mais humano para as pessoas marginalizadas pela sociedade e reconheceu a utilidade e necessidade da ocupação para a manutenção do bem-estar físico e social. Este pensamento foi depois defendido por praticamente toda a Europa. Mas foi somente entre 1840 e 1860, na chamada época de ouro para a aplicação destas regras morais e sociais, que a ocupação nos centros de acolhimento teve maior incremento, opondo-se aos cuidados desencorajantes do qual eram alvo as pessoas com menores recursos económicos e sociais. As pessoas desocupadas ganham uma espécie de neurastenia e foi Herbert Hall quem realizou o primeiro estudo sistemático acerca dos efeitos da ocupação nas pessoas socialmente carenciadas. Os óptimos resultados das experiências depois vividas, e, as actividades manuais das pessoas, mesmo as afectadas por demência nas etapas iniciais proporcionou-lhes uma adaptação tal, que se tornou na semente que deu início à busca de uma identidade social. Na PORTUSASAS – Associação de Solidariedade e Apoio Social, vocacionada para o acolhimento e prestação de cuidados a pessoas, mesmo ou sobretudo afectadas por qualquer tipo de demência, pretende-se dar continuidade aos esforços promovidos desde então. Porque actualmente a ocupação partilha, juntamente com outras disciplinas a razão de ser quer da PORTUSASAS quer da interdisciplinaridade da sua equipa. Uma segunda família O conceito de família evoluiu ao longo dos anos, pelo que a sua definição não é estanque e vai sofrendo alterações que acompanham as mudanças sociais. Ter a coragem para mudar o que pode ser mudado e serenidade para aceitar o que não pode ser mudado, e, saber fazer a diferença entre elas. Isto faz-nos pensar naqueles a quem mais é exigido. Por nosso lado, estamos na disposição de responder a todas essas exigências. Queremos dar uma resposta. Uma pessoa que atinge a terceira idade não sendo especial, sente necessidades especiais, não devendo limitar-se a determinadas actividades diárias, o que iria limitar o nosso desempenho quotidiano. Muito se tem escrito e muitas teorias se têm construído, assim como modelos para melhoraras condições de vida daqueles que não tiveram a sorte de a ver sorrir-lhes. Pretendemos, para além da participação activa da família no processo de acção, mas alguns, talvez não possam responder. Arriscamo-nos a pensar que uma abordagem centrada no utente nos pode conduzir a um caminho em que a família vive no lado negativo da questão. Daí pretendermos agir como “segunda família”, colocando toda a dinâmica como âmago das dificuldades vividas por uma parte substancial da sociedade. Sempre nos recusamos a imaginar um sistema social que não reconheça um membro duma família impedido de prestar a sua colaboração ao país e à sociedade, porque tem de tomar conta, todos os dias da semana, do mês e do ano, daquela pessoa que já se não pode valer a si própria. Por tal motivo queremos colmatar as falhas que possam ajudar a resolver esses problemas sociais. Acreditamos, queremos acreditar ser hora de construir mais uma via que nos conduza a centrar nessas pessoas toda a nossa atenção, dedicando-lhes tempo e carinho, fazer delas nossas aliadas e sermos por elas consideradas a tal “segunda família” em quem possam apoiar-se, confiar e que o centro de Dia – ou de Noite numa segunda fase – sejam o porto de abrigo onde possam deixar para trás a solidão. PS: Queira visitar o nosso anterior site em: http://portusasas.no.comunidades.net http://groups.google.pt/group/os-amigos-da-portusasas